Sobre o "Blog do Super Rodrigão"

*** O "Blog do Super Rodrigão" foi criado e editado por Rodrigo Francisco Dias quando de sua passagem como professor de História da Escola Estadual Messias Pedreiro (Uberlândia-MG). O Blog esteve ativo entre os anos de 2013 e 2018, mas as suas atividades foram encerradas no dia 27/08/2018, após o professor Rodrigo deixar a E. E. Messias Pedreiro. ***

segunda-feira, 23 de março de 2015

Sugestão de livro: "O Homem Revoltado" (1951), de Albert Camus

Processos históricos como o da Revolução Francesa - com destaque para a fase do Terror - nos levam a refletir sobre uma questão muito importante: é correto que a luta por um ideal sirva de justificativa para que se cometa assassinatos? Não nos esqueçamos: no período em que os jacobinos estiveram no poder durante os anos revolucionários da França no final do século XVIII, uma quantidade enorme de pessoas foi mandada para a guilhotina em nome da "Revolução". Mas a Revolução Francesa não foi a única em que pessoas foram mortas em nome de certas ideias. No século XX, também a Revolução Russa foi um movimento no qual os "revolucionários" mataram muitas pessoas.

Como se comportar diante de tais fatos? Uma instigante reflexão sobre o assunto foi feita pelo intelectual francês Albert Camus (1913-1960) no ensaio O Homem Revoltado, publicado em 1951. Segundo Voltaire Schilling, a obra é “uma brilhante e literariamente bem articulada exposição sobre as mazelas da revolução através dos tempos contemporâneos, inclusive com reparos aos acontecimentos decorrentes de 1789”.[1] Neste livro, Camus faz uma dura crítica aos revolucionários que, em nome de sua(s) Revolução/Revoluções, fazem o uso da violência e atentam contra a vida de outras pessoas.



Para um melhor entendimento da postura assumida pelo francês em seu ensaio, recomendamos a leitura do texto abaixo:


Os Homens Revoltados de Albert Camus

Nascido em Mondovi, interior da Argélia, em 1913, e morto em 1960, em Villeblevin, Albert Camus, escritor e pensador, refletiu profundamente sobre o homem moderno, o homem do século 20. Esquecido por muitos, Camus ainda tem bastante a dizer sobre os movimentos revolucionários e suas implicações para a sociedade.

Em “O Homem Revoltado”, publicado em 1951, a intensidade das guerras, a morte e o assassinato deliberados fizeram Camus buscar as causas filosóficas e psicológicas do absurdo de assassinar. O autor tenta compreender as transformações da natureza humana. O livro é essencial na biblioteca de qualquer um que queira compreender a história do último século.

O homem revoltado é aquele que se encontra em meio à exaltação da vida e à negação da morte. Em princípio, a revolta quer liberdade, quer viver. Prometeu foi o primeiro revoltado. O homem no seu encalço destrona Deus, a liberdade necessária ao homem não está nas limitações morais e éticas da Igreja.

O homem moderno é essencialmente um homem crítico e tentadoramente afeito aos absurdos. O absurdo está em matar e morrer por ideias e princípios obscuros: ponto central para entendermos os homens revolucionários de outrora e os de agora. A causa nobre da revolução não pode ser maculada. De Prometeu a Nietzsche, o revoltado de outrora tinha princípios: elevar o homem e seu valor ao grau maior.

O homem revoltado, segundo Camus, não é o revolucionário. Este é sem exceção o homem revoltado sem aquele princípio: o homem é nada, apenas a revolução é “sagrada”. Camus polemizou um ponto que persiste na história do século 20: a revolução eleva-se ao nível do sagrado, do inegável. Por fim, Camus esboça um apelo para que voltemos nossas ideias aos primeiros revoltados, aqueles com princípios, aqueles que respeitavam a vida.

A Vida acima de tudo!

(NOTA: O texto “Os Homens Revoltados de Albert Camus” que foi reproduzido acima é de autoria de Fabrícia Vieira de Araújo e foi originalmente publicado na Coluna do NEHAC do Jornal Correio de Uberlândia no dia 18 de janeiro de 2013.)


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Ficou com vontade de saber mais sobre o assunto? Então, além da leitura do próprio livro de Camus, recomendamos alguns textos disponíveis na internet:

LIMA, Raymundo de. Revolução ou revolta? - I - (Um retorno a Albert Camus em seis pontos). Revista Espaço Acadêmico, n. 86, jul. 2008. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/086/86lima_raymundo.htm>. Acesso em: 23 mar. 2015.

______. Revolução ou revolta? - Parte II - (Um retorno a Albert Camus em sete pontos). Revista Espaço Acadêmico, n. 87, ago. 2008. Disponível em: <http://espacoacademico.com.br/087/87lima.htm>. Acesso em: 23 mar. 2015.

O HOMEM revoltado. Razão Inadequada. Disponível em: <https://arazaoinadequada.wordpress.com/filosofos-essenciais/camus/o-homem-revoltado/>. Acesso em: 23 mar. 2015.

SILVA, Franklin Leopoldo e. Crítica de "O Homem Revoltado": Jeanson e Sartre. Arethusa. Disponível em: <http://arethusa.fflch.usp.br/node/32>. Acesso em: 23 mar. 2015.

VICENTE, José João Neves Barbosa; GONTIJO, Frances Deizer. O absurdo e a revolta em Camus. Revista Trías, n. 3, p. 1-10, set. 2011. Disponível em: <http://revistatrias.pro.br/artigos/ed-3/o-absurdo-e-a-revolta-em-camus.pdf>. Acesso em 23 mar. 2015.
  







[1] SCHILLING, Voltaire. Albert Camus contra Jean-Paul Sartre: o fim da revolução. Terra. Disponível: <http://noticias.terra.com.br/educacao/historia/albert-camus-contra-jean-paul-sartre-o-fim-da-revolucao,a00870c4d76da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html>. Acesso em: 23 mar. 2015.