Sobre o "Blog do Super Rodrigão"

*** O "Blog do Super Rodrigão" foi criado e editado por Rodrigo Francisco Dias quando de sua passagem como professor de História da Escola Estadual Messias Pedreiro (Uberlândia-MG). O Blog esteve ativo entre os anos de 2013 e 2018, mas as suas atividades foram encerradas no dia 27/08/2018, após o professor Rodrigo deixar a E. E. Messias Pedreiro. ***

quarta-feira, 15 de julho de 2015

[Seção dos Alunos]: Paródias Históricas

No 2°Bimestre de 2015 foi pedido aos alunos que eles produzissem paródias musicais sobre os temas estudados. Mas não bastava elaborar a paródia, era preciso também produzir um vídeo onde os estudantes estivessem cantando a canção. Alguns desses vídeos ficaram muito legais e vieram parar aqui na nossa Seção dos Alunos. Confira abaixo:

Paródia produzida por alunas do 2°A.


Paródia produzida por alunos do 2°B.


Paródia produzida por alunos do 2°B.


Paródia produzida por alunos do 2°B.


Paródia produzida por alunos do 2°B.


Paródia produzida por alunos do 2°C.


Paródia produzida por alunos do 2°D.


Paródia produzida por alunas do 2°D.


Paródia produzida por alunos do 2°F.


Paródia produzida por alunos do 2°F.


Paródia produzida por alunos do 2°G.


Paródia produzida por alunos do 2°H.


Paródia produzida por alunos do 2°H.


Paródia produzida por alunos do 2°H.


Paródia produzida por alunos do 2°H.


sábado, 4 de julho de 2015

A Segunda Guerra Mundial

Ao término da Primeira Guerra Mundial houve quem pensasse que um conflito como aquele não ocorreria novamente. Todavia, os tratados que puseram fim à guerra geraram insatisfação em diversos países europeus. Antigas potências foram fragmentadas e houve a separação arbitrária de grupos e etnias que até então viviam unidos. Outro gerador de discórdia foi a crise econômica que atingiu vários países do mundo na década de 1930, crise essa gerada pela queda da Bolsa de Nova York em 1929. Muitas pessoas perderam a confiança na democracia liberal e movimentos totalitários e ultranacionalistas surgiram em alguns países, como na Alemanha e na Itália. Enquanto isso, outras nações também viam o surgimento de verdadeiras ditaduras, tais como Polônia, Grécia, Espanha e Portugal.

Nesta perspectiva, o equilíbrio de forças entre as grandes potências mundiais no período posterior à Primeira Guerra Mundial dependia de três grupos de países. O primeiro grupo era formado pelos países capitalistas de regimes totalitários ou autoritários, como Itália, Alemanha, Polônia, Áustria, Espanha, Grécia e Turquia. O segundo grupo era formado pelas democracias liberais, sob a liderança de Inglaterra, França e Estados Unidos. O terceiro grupo era composto pela União Soviética, que também tinha um governo totalitário e que estava, naquele momento, isolado do restante do continente europeu. Pensando em interesses próprios mais imediatos, muitas vezes esses países deixavam de lado algumas divergências político-ideológicas e estabeleciam entre si certos acordos econômicos e políticos, bem como pactos de não agressão. Exemplos disso foi o tratado assinado entre a Inglaterra e a Alemanha nazista, bem como o tratado assinado entre a França e a União Soviética. Em 1936, os alemães firmaram o tratado chamado Eixo Roma-Berlim, com os italianos, e o Pacto Anti-Komintern com os japoneses. Este último pacto visava combater o comunismo, em especial a Internacional Comunista (Komintern), organização sediada em Moscou. A articulação entre Alemanha, Itália e Japão significava o surgimento do Eixo Berlim-Roma-Tóquio.

Expansionismo

O precário equilíbrio entre as nações foi abalado pelas políticas expansionistas de alguns países a partir dos anos 1930. No ano de 1931, o Japão invadiu a Manchúria (que pertencia à China), o que gerou protestos na Liga das Nações. Os japoneses decidiram-se por sair da organização, fato que enfraqueceu ainda mais a Liga, uma vez que ela não contava com a participação dos EUA e nem da União Soviética. Em 1937, os japoneses lançaram uma grande ofensiva militar contra a China.

O expansionismo também foi praticado por países europeus. A Itália ocupou a Etiópia, em 1936, e invadiu a Albânia, em 1939. A Alemanha, sob o comando de Adolf Hitler, violou o Tratado de Versalhes ao instituir o serviço militar obrigatório, reorganizar seu Exército, construir uma Força Aérea, fortalecer a Marinha e desenvolver a indústria bélica. Os alemães ocuparam o Sarre – região rica em jazidas de carvão e que era explorada pelos franceses como indenização de guerra desde 1919 –, a Renânia – região entre Alemanha e França – em 1936 e anexaram a Áustria em 1938, o que contrariava o Tratado de Versalhes. Os austríacos não resistiram à anexação, que ficou conhecida como Anschluss (união, anexação). Os nazistas justificavam o seu expansionismo afirmando que estavam em busca do “espaço vital”, ou seja, o conjunto de territórios necessários à produção de matérias-primas e alimentos para o novo “império germânico” em formação.

Os governos da França, da Inglaterra e dos Estados Unidos não procuraram impedir o avanço alemão, argumentando que estavam preocupados em evitar o advento de uma outra guerra de grandes proporções. Quando os alemães ocuparam os Sudetos – região da Tchecoslováquia – em 1938, a Inglaterra e a França obrigaram Hitler a entrar em negociações. Isso foi feito ainda em 1938, na Conferência de Munique, mas o führer dominou a reunião e impôs a ocupação dos Sudetos como um fato consumado. No ano seguinte, os alemães ocuparam a Boêmia e a Morávia, duas outras regiões da Tchecoslováquia. Houve uma espécie de “política de apaziguamento” por parte dos países europeus, como no caso da Inglaterra (sob o governo do primeiro-ministro Neville Chamberlain). Assim, os países faziam concessões aos interesses hitleristas ao mesmo tempo em que se armavam para um provável conflito.

Em Moscou, o governo de Stalin julgava que tais concessões visavam a colocar os alemães contra os soviéticos, uma vez que os interesses nazistas situavam-se na Europa Oriental. O governo da URSS tentou aproximar-se da França e da Inglaterra, mas não obteve êxito. Surpreendendo a muita gente, Alemanha e União Soviética acabaram assinando um acordo de não agressão, o Pacto Ribentropp-Molotov, ainda em 1939. Stalin pretendia ganhar tempo para se preparar militarmente para uma eventual guerra contra a Alemanha. Por sua vez, Hitler queria evitar o erro alemão cometido durante a Primeira Guerra Mundial, quando a Alemanha teve que combater em duas frentes. Como o acordo previa a divisão do território polonês entre a Alemanha e a União Soviética, além do controle soviético da Letônia e da Estônia, dias depois de sua assinatura os alemães invadiram a Polônia. A Alemanha tinha muito interesse na cidade de Dantzig. A atitude da Alemanha fez com que a Inglaterra e a França declarassem guerra aos alemães. Era o início da Segunda Guerra Mundial.

O conflito

Inicialmente, o poderio bélico alemão parecia não encontrar adversários à altura. A Alemanha contava com uma grande força aérea – a Luftwaffe – e empregava a estratégia de ataques-surpresa – blitzkrieg (guerra-relâmpago). Intensos bombardeios eram seguidos da invasão realizada por blindados e pela infantaria. Os poloneses renderam-se rapidamente e, em poucos meses, os alemães conquistaram a Noruega, a Dinamarca, Luxemburgo, a Bélgica e a Holanda. As vitórias alemãs sobre as forças inglesas levaram à queda de Chamberlain e à ascensão de Winston Churchill ao cargo de primeiro-ministro da Inglaterra. Churchill se opunha ao apaziguamento. Por sua vez, a França foi ocupada pelos alemães em 1940, após o cerco alemão aos exércitos franceses e ingleses em Dunquerque, região próxima ao Canal da Mancha. O território francês foi dividido em duas partes: a região norte, incluindo a cidade de Paris, ficou sob controle alemão, enquanto a região sul – com capital na cidade de Vichy – passou a ser governada por franceses pró-nazistas que, liderados pelo marechal francês simpatizante do fascismo, Pétain, ficariam conhecidos como colaboracionistas.

Nos territórios ocupados pela Alemanha sempre havia quem apoiasse as forças de Hitler, pois muitos consideravam que o líder nazista estava lutando contra o comunismo. Contudo, o avanço nazista sobre diversas áreas do continente europeu também enfrentou a resistência de grupos civis. Oriundos de várias partes da Europa e formados por pessoas de diferentes camadas sociais e ambos os sexos – operários, trabalhadores em geral, membros da aristocracia, integrantes do exército, funcionários da administração, eclesiásticos, intelectuais, etc. –, esses grupos lutaram contra os nazifascistas durante a Segunda Guerra Mundial. Os resistentes noruegueses explodiram o estoque alemão de água pesada, que os nazistas usariam em pesquisas atômicas. Os resistentes poloneses sabotaram o abastecimento para os tropas alemãs na frente oriental. Os resistentes iugoslavos organizaram uma guerra de guerrilhas em seu território cheio de montanhas e florestas. Comandados por Josip Broz (1892-1980) – o Tito –, os resistentes iugoslavos libertaram seu país do domínio nazista.

O líder da Resistência francesa era o general Charles de Gaulle, que não aceitou a rendição aos nazistas e exilou-se na Inglaterra. Da Inglaterra, de Gaulle enviava instruções aos seus compatriotas por meio da rádio BBC de Londres. A Resistência francesa contou ainda com a ajuda de comunistas brasileiros, como Apolônio de Carvalho, que também lutou nas Brigadas Internacionais durante a Guerra Civil Espanhola.

No território alemão também houve resistência ao nazismo. A desobediência civil era praticada por muitas pessoas, que participavam de missas e procissões proibidas pelo regime de Hitler. Alguns alemães esconderam judeus perseguidos em suas próprias casas, ou ajudavam esses judeus a fugir do país. Houve ainda atentados contra a vida de Hitler. Os alemães que se opunham ao nazismo boicotaram o recrutamento militar e organizaram grupos de resistência, como o Weisse Rose (Rosa Branca), muito atuante nas cidades de Munique e Hamburgo. Os integrantes desse movimento denunciavam os horrores da guerra – como o extermínio dos judeus, por exemplo – e as arbitrariedades do regime por meio de panfletos. Na embaixada brasileira em Hamburgo, na Alemanha, a paranaense Aracy Moebius de Carvalho (que mais tarde se casaria com o escritor João Guimarães Rosa) usou de diversos artifícios para conseguir vistos de entrada no Brasil para judeus que fugiam do nazismo, em uma atitude que contrariava a medida do governo de Getúlio Vargas que restringia a entrada de judeus no território brasileiro. Aracy chegou a transportar muitos judeus no carro da embaixada brasileira para permitir que eles saíssem da Alemanha.

Após a ocupação da França pelos alemães, a Inglaterra ficou isolada. Naquele momento, o primeiro-ministro inglês era Winston Churchill, do Partido Conservador, que havia acabado de assumir o poder. Empolgado com o sucesso nazista, Mussolini abandonou a neutralidade e, em junho de 1940, fez a Itália entrar na guerra ao lado da Alemanha. Hitler decidiu pelo ataque à Inglaterra. Os alemães bombardearam o território britânico de forma sistemática a partir de agosto de 1940. Toneladas de bombas foram lançadas pelas aeronaves da Luftwaffe sobre portos e cidades inglesas, principalmente sobre a capital do país, a cidade de Londres. Mas os ingleses não se renderam. Usando o radar – um instrumento de localização que os alemães desconheciam – e a Real Força Aérea Britânica (RAF), os ingleses barraram a ofensiva nazista. Hitler acabou voltando-se para regiões como o Mediterrâneo, os Bálcãs e o norte da África. Em 1941, os nazistas já haviam conquistado a Grécia, a Iugoslávia e a Albânia, enquanto governos-satélites já haviam sido estabelecidos por Hitler na Romênia, na Bulgária e na Hungria. Naquele momento da guerra, Hitler já ameaçava o domínio britânico na região do canal de Suez, no Egito.

Durante a Segunda Guerra Mundial, as indústrias dos países em guerra voltaram-se principalmente para a produção de armas e materiais bélicos. As empresas que atuavam em outras áreas acabaram desaparecendo ou mudaram de atividade. Diversos produtos deixaram de ser fabricados – os brinquedos infantis sumiram das lojas, por exemplo. Alguns produtos só eram encontrados no mercado paralelo, onde eram vendidos a altos preços. Carnes e ovos se tornaram artigos de luxo. Houve racionamento de comida em vários países. Na Inglaterra, o limite máximo de quantidade de manteiga que podia ser comprada por uma pessoa era de 60 gramas. Na Alemanha, o acesso a carne e a alimentos frescos era um privilégio exclusivo dos membros das Forças Armadas. Famílias passaram a criar galinhas e coelhos para garantir o consumo de ovos e carne. Pequenas hortas eram plantadas nos quintais. O reaproveitamento de alimentos tornou-se uma regra na hora de cozinhar. Trapos velhos e o algodão dos colchões eram usados na confecção de casacos. Quando as crianças cresciam, as mães usavam retalhos para alargar as roupas dos meninos e das meninas. A improvisação e a criatividade foram as marcas dos hábitos e dos costumes da população durante a guerra. Aquilo que inicialmente não tinha utilidade para alguém, poderia revelar-se muito útil em outro momento. Objetos usados eram vendidos ou reaproveitados: artigos de metal, por exemplo, transformavam-se em armas e em outros produtos para as forças armadas.

Após conquistar boa parte da Europa, Hitler rompeu o pacto de não agressão firmado com Stalin e colocou em prática a operação Barbarossa, em junho de 1941. Mais de 1 milhão de soldados alemães invadiram a União Soviética. Os exércitos alemães concentraram seus ataques em Leningrado (antiga São Petersburgo, ao norte), Moscou (ao centro) e em regiões agrícolas da Ucrânia (ao sul). O Exército Vermelho não conseguiu impedir o avanço da Wehrmacht (Forças Armadas da Alemanha) e os alemães tomaram áreas em que havia importante produção industrial, riquezas minerais e agrícolas. As tropas de Hitler chegaram às portas de Moscou ainda em 1941. As tropas nazistas não poupavam os civis e, em algumas cidades, toda a população local era dizimada. Os alemães impuseram um verdadeiro clima de terror nos territórios ocupados, transformando populações inteiras em trabalhadores compulsórios, saqueando recursos industriais, agrícolas e obras de arte. É preciso dizer que Hitler invadiu a URSS não apenas para combater o comunismo, mas também por causa do interesse nos recursos minerais e agrícolas soviéticos. Segundo o historiador John Keegan, os nazistas queriam fazer da União Soviética uma colônia fornecedora de recursos – trigo, petróleo e manganês, por exemplo – que sustentariam a “Grande Alemanha”.

Stalin havia ordenado, pouco antes, a execução de alguns dos melhores generais do Exército Vermelho, acusados de traição ao regime soviético, e agora o líder da União Soviética se via diante de uma iminente catástrofe. Stalin decidiu então mobilizar a população contra os invasores e, em pouco tempo, milhares de civis passaram a lutar ao lado das tropas regulares. Indústrias soviéticas inteiras foram desmontadas e instaladas a leste dos Montes Urais, para que não caíssem em mãos nazistas. Além da população soviética, os soldados alemães tiveram que enfrentar o clima do país. As tropas do Eixo tiveram que enfrentar um frio de até 21 graus negativos durante o inverno, para o qual não estavam preparadas. O frio e a resistência do povo soviético fustigaram os alemães, que começaram a se afastar de Moscou no final de 1941. Era o sinal de que os nazistas podiam ser derrotados.

Até aquele momento, tanto os Estados Unidos da América quanto o Japão ficaram à margem do conflito. Todavia, o governo norte-americano do presidente Roosevelt não escondia a sua simpatia pelos Aliados – termo que designava o bloco de países que lutavam contra o nazifascismo. Por outro lado, após a ocupação da França pelos nazistas, em 1940, os japoneses estavam ainda mais próximos dos alemães, especialmente depois de receberem de Hitler a Indochina, que era uma colônia francesa no Extremo Oriente. O governo norte-americano temia a expansão japonesa, que colocava em risco a segurança da costa oeste dos EUA, e acabou impondo sanções comerciais ao Japão. Os EUA exigiam que as tropas japonesas saíssem da China, que fora invadida pelo Japão em 1937. No dia 7 de dezembro de 1941, os japoneses reagiram e realizaram um ataque aéreo contra Pearl Harbor, base militar norte-americana no Oceano Pacífico. O governo dos EUA declarou guerra ao Japão e aos demais países do Eixo, passando a pressionar outros países – inclusive o Brasil – a fazerem o mesmo. A guerra ganhou proporções mundiais e os cenários das batalhas se estenderam pela Europa, África e Ásia.

A ação das tropas soviéticas e norte-americanas desestabilizaram as forças do Eixo. Sob o comando do general Eisenhower, forças anglo-americanas derrotaram tropas alemãs no norte da África, em 1942. No ano seguinte, os soviéticos expulsaram os alemães de Stalingrado e iniciaram o avanço em direção a Berlim. A retomada de Stalingrado pelos soviéticos foi importante porque, se os nazistas conquistassem essa cidade, as forças de Hitler teriam o controle do rio Volga e dominariam os campos petrolíferos do Cáucaso. Hitler havia ordenado que seus homens lutassem até a morte pelo controle da cidade, mas, quando o exército soviético cercou o exército alemão em Stalingrado, o marechal alemão Friedrich von Paulus acabou se rendendo, uma vez que não tinha nem como alimentar os seus homens.

Após a retomada de Stalingrado, os soviéticos passaram a marchar em direção à Alemanha, libertando vários territórios que estavam sob o poder dos nazistas ao longo do caminho: Polônia, Romênia, Bulgária, Noruega, Hungria e parte da Tchecoslováquia. Após a insistência de Stalin, os governos da Inglaterra, da França e dos EUA decidiram organizar uma segunda frente de combate ao Eixo, na região ocidental da Europa (principalmente na França). No norte da África, o general britânico Bernard Montgomery liderou uma vitória dos Aliados sobre a Afrika Korps – um exército alemão liderado pelo general Erwin Rommel, conhecido como “a raposa do deserto” – na Batalha de Al-Alamein. Em junho de 1943, os norte-americanos ocuparam a Sicília e outras partes da Itália. Benito Mussolini foi deposto pelo Conselho Fascista e refugiou-se no norte do país, onde fundou a República Social Italiana (ou República de Salò). Após a saída de Mussolini, o novo governo da Itália declarou guerra à Alemanha.

No dia 6 de junho de 1944 – o Dia D –, 3 milhões de soldados britânicos, estadunidenses, canadenses e franceses, apoiados por 5 mil aviões e 6.400 navios, desembarcaram na Normandia – litoral norte da França. As tropas aliadas entraram em Paris no dia 26 de agosto. Em seguida, a Bélgica e a Holanda foram libertadas. Bastaria apenas mais um tempo para que os nazistas fossem derrotados. Não aceitando a derrota iminente, Hitler ordenou que os alemães lutassem até o último homem, o que fez com que alguns oficiais do Exército alemão planejassem atentados para matar o líder nazista. Todavia, tais planos fracassaram. Em abril de 1945, os soviéticos chegaram a Berlim. Hitler, sua esposa e diversos generais nazistas cometeram o suicídio. Mussolini tentou fugir para a Suíça, mas foi preso e fuzilado por combatentes da Resistência italiana. A rendição alemã se deu no dia 7 de maio de 1945, por decisão do alto comando nazista. Milhões de alemães fugiram ou foram expulsos da Prússia, de regiões da Tchecoslováquia, da Romênia, da Iugoslávia e da Hungria.

Após a rendição dos alemães, os líderes dos EUA, da União Soviética e da Inglaterra reuniram-se entre julho e agosto de 1945 em Potsdam, nos arredores de Berlim, para discutir os termos da paz. Muitas das decisões ali tomadas apenas confirmaram o que já havia sido definido em uma reunião realizada em Ialta, na Crimeia, às margens do Mar Negro, durante o mês de fevereiro de 1945. Por meio da Conferência de Potsdam, a Alemanha foi dividida em quatro zonas de influência, controladas pelos EUA, pela França, pela Inglaterra e pela União Soviética. A cidade de Berlim, que ficava totalmente dentro da zona soviética, também foi dividida em quatro áreas. Foi estabelecido que a Alemanha deveria pagar uma indenização de 20 bilhões de dólares aos vencedores e que os líderes nazistas deveriam ser julgados pelo Tribunal de Nuremberg – uma corte internacional. Uma nova entidade internacional destinada a preservar a paz e a garantir o entendimento entre os povos foi criada: a Organização das Nações Unidas. Fundada em 26 de junho de 1945 e com sede em Nova York, a ONU substituiu a Liga das Nações.

Todavia, a Segunda Guerra Mundial ainda não estava terminada. Norte-americanos e japoneses continuavam lutando na Frente do Pacífico. O Japão tinha conquistado as Filipinas, Cingapura, Hong Kong, as Índias Orientais Holandesas (atual Indonésia) e outras regiões. Porém, após todos esses avanços, a frota japonesa foi derrotada pela esquadra norte-americana na batalha de Midway, em junho de 1942. Era o início da ofensiva norte-americana na Guerra do Pacífico. Nos dias 6 e 8 de agosto de 1945, aviões norte-americanos lançaram bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. A bomba atômica era a maior e mais letal arma desenvolvida pelo homem até então. As explosões, que de acordo com alguns analistas tinham como função intimidar a União Soviética, no intuito de convencê-la a não fomentar revoluções em países do Ocidente, mataram instantaneamente mais de 200 mil pessoas e arrasaram as duas cidades. O Japão assinou a sua rendição incondicional no dia 2 de setembro de 1945.

A Segunda Guerra Mundial deixou 50 milhões de mortos (15 milhões de militares e 35 milhões de civis), dos quais mais de 20 milhões eram habitantes da União Soviética. Com o término do conflito, França, Inglaterra, Alemanha, União Soviética e Japão estavam todos arrasados, com cidades destruídas, campos devastados e ferrovias inutilizadas. A fome e diversas doenças dizimavam a população em vários lugares. A exceção foram os EUA, que mantiveram intacta a sua capacidade industrial e financeira. Vários povos africanos e asiáticos começaram a lutar por sua independência. Em 1948, os países-membros da ONU assinaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento que estabeleceu o direito à vida, à liberdade e à igualdade entre os seres humanos. A ONU estabeleceu ainda o Tratado Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Tratado Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

No pós-guerra, EUA e União Soviética consolidaram-se como as duas maiores potências do planeta. Os soviéticos anexaram as terras bálticas da Letônia, Lituânia e Estônia e a parte leste da Prússia oriental. A União Soviética tinha o maior exército do mundo e seus domínios se estendiam à Europa Oriental. Os EUA tinham a bomba atômica e um imenso poderio industrial. Em torno desses dois centros de poder, formaram-se o bloco capitalista, sob liderança dos norte-americanos, e o bloco socialista, liderado pelos soviéticos. Este antagonismo entre as duas superpotências originaria a Guerra Fria, que se estenderia até 1991, ano da dissolução da União Soviética.

APÊNDICE: O Holocausto

Cinquenta milhões de pessoas morreram durante a Segunda Guerra Mundial. Desse total, cerca de 6 milhões eram judeus, que foram mortos nos campos de concentração nazistas. O extermínio em massa de judeus recebeu o nome de Holocausto e este triste episódio da história da humanidade está relacionado à invasão da Polônia pelas tropas de Hitler, em 1939. Cerca de 3,3 milhões de judeus viviam em solo polonês e, após a invasão, os nazistas confinaram essas pessoas em guetos – bairros de grandes cidades, policiados e cerceados. Entre 1939 e 1941, treze guetos e 42 áreas de confinamento foram criados na Polônia. Em Varsóvia, capital polonesa, localizava-se o maior desses guetos, com quase meio milhão de pessoas. Em tais lugares, os judeus eram obrigados a usar um distintivo de identificação, eram submetidos a trabalhos forçados, recebiam alimentação insuficiente e não tinham condições de manter padrões mínimos de higiene e saúde. Os judeus sofriam ainda com a violência dos soldados nazistas. Assassinatos começaram a ocorrer e, com o tempo, os nazistas passaram a usar caminhões com câmaras de gás móveis.

O extermínio em massa dos judeus foi decidido pelo Departamento de Segurança Alemão em 20 de janeiro de 1942. Os judeus começaram a ser transferidos para campos de concentração, onde seriam executados principalmente em câmaras de gás. Tal política genocida seria chamada de solução final. Inicialmente, os campos abrigavam todos aqueles que eram considerados inimigos dos nazistas, como comunistas, ciganos, homossexuais e até testemunhas de Jeová. Porém, as principais vítimas eram mesmo os judeus. As vítimas eram enviadas aos campos em vagões de gado – 80 ou 90 pessoas em cada vagão – em viagens que poderiam durar dias, sem alimentos ou água, sufocados com o cheiro de vômito e de excrementos e deprimidas pelos gritos das crianças. Na Polônia, campos de extermínio foram construídos em Auschwitz, Chelmno, Treblinka, Majdanek, Sobibor e Belzec. Nos campos de Auschwitz e de Majdanek, indústrias químicas, eletrônicas e de armamentos empregavam os presos como mão de obra escrava. Pão e sopa eram a base da alimentação dos judeus naqueles locais. A fome, as doenças e a exaustão matavam muitos prisioneiros. Houve judeus que optaram pelo suicídio, lançando-se contra as cercas elétricas dos campos. Médicos nazistas realizavam experiências científicas, usando os judeus como cobaias. Em algumas dessas experiências, médicos injetavam líquidos em adultos e crianças no intuito de mudar-lhes a cor dos olhos. Tais experimentos provocaram uma série de efeitos colaterais: paralisia, epilepsia, perda da voz, chagas pelo corpo, cegueira e convulsão. Muitos acabaram morrendo. O local onde ocorria a maioria das mortes era a câmara de gás. Corpos eram queimados, as chaminés exalavam uma fumaça negra e o cheiro de carne queimada era sentido no ar.

Quando o exército soviético libertou os campos de concentração poloneses, entre 1944 e 1945, milhões de cadáveres foram encontrados. Houve cerca de 500 mil sobreviventes.

SUGESTÃO DE LEITURA:

No mês de maio de 2015, a Revista de História da Biblioteca Nacional publicou um dossiê sobre o fim da Segunda Guerra Mundial.Os textos são instigantes e vale a pena conferir! Clique aqui para ler os textos da referida edição da RHBN.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

A Revolta de Vila Rica em versos de Cecília Meireles

Cecília Meireles (1901-1964) foi uma importante poetisa brasileira. Em 1953, ela lançou a obra Romanceiro da Inconfidência, uma coletânea de poemas que aborda a história de Minas Gerais do início do século XVII ao final do século XVIII. Entre os vários episódios narrados pela autora por meio de versos está a Revolta de Vila Rica, também conhecida como Revolta de Filipe dos Santos. 

Vale a pena conferir o modo como Cecília Meireles trata desta revolta ocorrida em 1720:

ROMANCE V OU DA DESTRUIÇÃO DE OURO PODRE

Dorme, meu menino, dorme,
que o mundo vai se acabar.
Vieram cavalos de fogo:
são do Conde de Assumar.
Pelo Arraial e Ouro Podre,
começa o incêndio a lavrar.

O Conde jurou no Carmo
não fazer mal a ninguém.
(Vede agora pelo morro
que palavra o Conde tem!
Casas, muros, gente aflita
no fogo ralando vêm!)

D. Pedro, de uma varanda,
viu desfazer-se o arraial.
Grande vilania, Conde,
comestes para teu mal.
Mas o que aguenta as coroas
é sempre a espada brutal.

Riqueza grande da terra,
quantos por ti morrerão!
(Vede as sombras dos soldados
entre pólvora e alcatrão!
Valha-nos Santa Ifigênia!
- E isto é ser povo cristão!)

Dorme, meu menino, dorme...
Dorme e não queiras sonhar.
Morreu Felipe dos Santos
e, por castigo exemplar,
Depois de morto na forca,
Mandaram-no esquartejar!

Cavalos a que o prenderam,
estremeciam de dó,
Por arrastarem seu corpo
Ensanguentado, no pó.
Há multidões para os vivos:
porém quem morre vai só.

Dentro do tempo há mais tempo,
e, na roca da ambição,
Vais-se preparando a teia
dos castigos que virão:
Há mais forcas, mais suplícios
para os netos da tradição.

Embaixo e em cima da terra,
o ouro um dia vai secar.
Toda vez que um justo grita,
um carrasco o vem calar.
Quem não presta fica vivo;
quem é bom, mandam matar.

Dorme, meu menino, dorme...
Fogo vai, fumaça vem...
Um vento de cinzas negras
levou tudo para além...
Dizem que o Conde se ria!
Mas, quem ri, chora também.

Quando um dia fores grande,
e passares por ali,
Dirás: “Morro da Queimada,
como foste, nunca vi;
Mas, só de te ver agora,
ponho-me a chorar por ti:

Por tuas casas caídas,
pelos teus negros quintais,
Pelos corações queimados
em labaredas fatais,
- Por essa cobiça de ouro
que ardeu nas minas gerais.”

Foi numa noite medonha,
numa noite sem perdão.
Dissera o Conde: “Estais livres.”
E deu ordem de prisão.
Isso, Dom Pedro de Almeida,
é o que faz qualquer vilão.

Dorme, meu menino, dorme...
Que fumo subiu pelo ar!
As ruas se misturaram,
tudo perdeu lugar.
Quem vos deu poder tamanho,
Senhor Conde de Assumar?

Jurisdição para tanto 
não tinha, Senhor, bem sei...
(Vede os pequenos tiranos
que mandam mais do que o Rei!
Onde a fonte do ouro corre,
apodrece a flor da Lei!)

Dorme, meu menino, dorme,
- que Deus te ensine a lição
dos que sofrem neste mundo
violência e perseguição.
Morreu Felipe dos Santos:
Outros, porém, nascerão.

Não há Conde, não há forca,
não há coroa real
Mais seguros que estas casas,
que estas pedras do arraial,
deste Arraial do Ouro Podre
que foi de Mestre Pascoal.