Sobre o "Blog do Super Rodrigão"

*** O "Blog do Super Rodrigão" foi criado e editado por Rodrigo Francisco Dias quando de sua passagem como professor de História da Escola Estadual Messias Pedreiro (Uberlândia-MG). O Blog esteve ativo entre os anos de 2013 e 2018, mas as suas atividades foram encerradas no dia 27/08/2018, após o professor Rodrigo deixar a E. E. Messias Pedreiro. ***

sexta-feira, 24 de junho de 2016

[Seção dos Alunos]: O que você sabe sobre as tribos indígenas de hoje em dia?

Olá, o meu nome é Clara, tenho 15 anos, estudo na Escola Estadual Messias Pedreiro (Uberlândia-MG) e sou do 2° G (2016). Cresci em uma cidade que ficava entre as aldeias Xingu e Mehinako, e posso lhes contar um pouco da minha experiência dentro da sociedade desses povos.

Quando vivi em Mato Grosso, uma coisa bem comum na minha vida era andar pela cidade e encontrar índios por toda a parte. Eu morava em uma cidade pequena, Gaúcha do Norte–MT, um lugar próximo às duas aldeias indígenas mencionadas acima. Naquela época pude observar algumas coisas sobre o comportamento daqueles povos. Alguns índios vão para a cidade apenas para ir ao médico e fazer documentos, pois até as votações eleitorais são feitas nas aldeias. Nessas comunidades existe uma hierarquia muito marcante, já que, por exemplo, apenas os filhos ou os parentes mais próximos dos caciques têm o direito de morar nas cidades.

Algo que normalmente não vemos muito nos nossos livros didáticos de História ou Sociologia quando eles nos falam sobre os povos indígenas é que os índios vivem em uma realidade bem distinta daquela das médias e grandes cidades brasileiras. Muitas de suas crenças ainda estão vivas como, por exemplo, a ideia de “maldição dos irmãos gêmeos”. De acordo com essa crença, quando nascem irmãos gêmeos, um é do mal e o outro do bem, e por isso eles enterram vivo aquele que acreditam ser o gêmeo do mal. Sua alimentação também é bastante diferente da nossa, pois eles comem de peixe até macacos assados.

Uma história que eu ouvia muito em Gaúcha do Norte girava em torno de dois anciãos indígenas que comiam cérebro humano. Todavia, ainda não sei dizer se isso era mesmo verdade, pois apesar de sabermos que certos povos indígenas praticavam/praticam a antropofagia, também sabemos que histórias como essas foram inventadas tanto no passado quanto no presente para dar a ideia de que tais povos são “selvagens”.

Também é preciso dizer que não era só porque morávamos perto das aldeias que tínhamos livre acesso a elas, já que só se pode entrar nelas (de avião ou barco) após pedir e obter a permissão do cacique. O meu pai ainda é amigo de um deles, o cacique Matulah. Aliás, a mulher desse cacique – que se chama Potira – até já pintou os meus braços com os desenhos usados por eles em festas. Uma curiosidade é que só as mulheres aprendem a arte da pintura do corpo, onde esmagam uma semente e a misturam a alguns líquidos até virar uma tinta que, na maioria das vezes, é preta ou vermelha. Essa tinta, após ser aplicada ao corpo, pode demorar até 40 dias para sair. Em Gaúcha do Norte, todos os anos há uma feira cultural e os índios das duas tribos geralmente participam dela e fazem algumas danças para nós vermos. É realmente um espetáculo muito bonito!

Ah, quando os índios dessas duas aldeias vão até a cidade, eles usam roupas sim. As mulheres usam longos vestidos floridos e os homens vestem blusas e calças. Hoje em dia, é bem normal você ter um índio estudando na sua sala caso você seja aluno de alguma das escolas de lá.

A cultura indígena é linda, e não há como ficarmos indiferentes às singularidades desses povos, pois muitos dos hábitos deles são bem distintos dos nossos.

Abaixo, apresento algumas fotografias tiradas por meu pai, que diga-se de passagem é fotógrafo: