Sobre o "Blog do Super Rodrigão"

*** O "Blog do Super Rodrigão" foi criado e editado por Rodrigo Francisco Dias quando de sua passagem como professor de História da Escola Estadual Messias Pedreiro (Uberlândia-MG). O Blog esteve ativo entre os anos de 2013 e 2018, mas as suas atividades foram encerradas no dia 27/08/2018, após o professor Rodrigo deixar a E. E. Messias Pedreiro. ***

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Introdução ao Imperialismo

- O processo de industrialização e o desenvolvimento capitalista nos países europeus, com destaque para a Inglaterra, e também nos Estados Unidos e no Japão.
→ Lembrar: a Revolução Industrial, as condições de vida e trabalho dos operários nas fábricas, a consolidação de grandes empresas e a busca pelo lucro no sistema capitalista. Destacar também inovações tecnológicas como o telégrafo, a fotografia, o telefone, o fonógrafo e o cinema. Novas fontes de energia: eletricidade e petróleo. Noção de “progresso”.
→ É dentro deste quadro que países como Inglaterra, Bélgica, França, Holanda, Alemanha, Itália, Estados Unidos e Japão dão início a práticas imperialistas.

O “imperialismo”, ou, o “neocolonialismo”:
- Se o colonialismo dos séculos XV e XVI tinha como objetivo a obtenção de especiarias, gêneros tropicais e metais preciosos, notadamente no continente americano, sob a justificativa de levar a fé católica a outros povos, o imperialismo (também chamado de “neocolonialismo”, onde “neo” = “novo”) do século XIX, por sua vez, buscava mercados consumidores de produtos manufaturados e fornecedores de matérias-primas (algodão, cobre, ferro, petróleo, etc.). Além disso, devido ao grande crescimento populacional verificado na Europa, as potências europeias buscavam colônias para instalar parte de seu excedente populacional. Os principais agentes do imperialismo foram mais as grandes empresas (bancos, indústrias, empresas de comércio e transportes) do que propriamente os Estados.

- Formas de dominação imperialista: a) administração direta, onde os principais cargos governamentais nas colônias eram ocupados por agentes metropolitanos; b) administração indireta, na qual eram feitas alianças com as elites locais.

- Desdobramento político do imperialismo: crescimento da rivalidade entre as grandes potências imperialistas, com o estímulo ao armamentismo.

- Principais alvos das potências imperialistas europeias: África, Ásia e Oceania.


Imperialismo e alteridade:
- A justificativa usada para as práticas imperialistas: levar o progresso e a civilização dos países mais desenvolvidos para aqueles menos desenvolvidos, estes últimos vistos como “bárbaros” e atrasados. Tal justificativa procurava esconder os interesses econômicos das grandes potências mundiais.
→ Rudyard Kipling (1865-1936): literato inglês que escreveu a obra O Fardo do Homem Branco (1899), na qual destacou o dever à filantropia da ação colonizadora, ou seja, a ideia de que os países mais desenvolvidos levavam melhores condições de vida para as suas colônias. Kipling recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1907.

- “‘Acredito nesta raça...’, dizia Joseph Chamberlain[1] em 1895. Ele entoava um hino imperialista à glória dos ingleses e celebrava um povo cujos esforços superavam os de seus rivais franceses, espanhóis e outros. Aos outros povos, ‘subalternos’, o inglês levava a superioridade de seu savoir-faire,[2] de sua ciência também; o ‘fardo do homem branco’ era civilizar o mundo, e os ingleses mostravam o caminho.
Essa convicção e essa missão significavam que, no fundo, os outros eram julgados como representantes de uma cultura inferior, e cabia aos ingleses, ‘vanguarda’ da raça branca, educá-los, formá-los – embora sempre se mantendo à distância. Se os franceses também achavam que os nativos eram umas crianças, e sem dúvida os consideravam inferiores, suas convicções republicanas levavam-nos, porém, a fazer afirmações de outro teor, pelo menos em público, ainda que estas não estivessem necessariamente em consonância com seus atos.
Todavia, o que aproximava franceses, ingleses e outros colonizadores, e dava-lhes consciência de pertencerem à Europa, era aquela convicção de que encarnavam a ciência e a técnica, e de que este saber permitia às sociedades por eles subjugadas progredir. Civilizar-se.”
(FERRO, Marc. História das Colonizações: das conquistas às independências, séculos XIII a XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 39.)

- A experiência da colonização a partir da literatura: O Coração das Trevas (1902), de Joseph Conrad.
→ Joseph Conrad (1857-1924): escritor britânico de origem polonesa.
O Coração das Trevas: o livro conta a história de Charles Marlow, um capitão de um barco a vapor que trabalha para uma companhia belga de comércio. O trabalho de Marlow é transportar marfim por um rio no Congo (que à época era uma colônia de propriedade privada do próprio rei Leopoldo II, da Bélgica), mas ele recebe como missão resgatar o Sr. Kurtz, um comerciante de marfim que passou a viver no interior da África. No livro, há um relato das dificuldades de navegação no rio africano, bem como uma crítica ao imperialismo, especialmente por meio da loucura do Sr. Kurtz e da crueldade praticada pelos colonizadores contra os povos dominados. Todavia, o livro apresenta, em algumas passagens, uma imagem negativa dos africanos. A obra remete à própria vida de Conrad, que também trabalhou como capitão de um navio de uma companhia de comércio no Congo. O livro inspirou o filme Apocalipse Now (1979), do diretor Francis Ford Coppola, obra sobre a Guerra do Vietnã.
“A conquista da Terra, o que na maior parte significa tirá-la daqueles que tem uma fisionomia diferente ou narizes ligeiramente mais achatados do que os nossos, não é uma coisa bonita quando você olha demais para ela.” (CONRAD, Joseph. O Coração das Trevas. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2004, p. 13.)
O livro explora o fascínio e o medo no contato com a realidade africana, com o outro, bem como o fato de a experiência da colonização destruir tanto o colonizado quanto o colonizador. 





[1] Joseph Chamberlain (1836-1914). Político inglês, foi prefeito de Birmingham, deputado, ministro do comércio e típico representante da política imperial britânica como secretário das colônias.
[2] “Saber-fazer”.