A
América portuguesa no início do século XIX
- Vilas
e cidades no litoral e no interior em decorrência da ação de bandeirantes,
mineradores, vaqueiros e tropeiros, bem como do trabalho de escravos indígenas
e africanos.
- Sul:
criação de gado e produção de artigos de couro.
- Capitania
de São Paulo: produção agrícola e ponto de passagem de mercadorias vindas do
sul para outras regiões.
- Rio
de Janeiro: capital da colônia desde 1763, tinha um porto bem movimentado.
- Minas
Gerais: polo agropecuário.
- Zona
da Mata do Nordeste: produção de açúcar.
- Norte
e partes do Nordeste: algodão, arroz, fumo, cacau, anil.
1808:
a vinda da família real
Quando
Napoleão Bonaparte decretou o Bloqueio Continental à Inglaterra em 1806,
Portugal se viu em uma complexa situação. Se os portugueses não aderissem ao
Bloqueio, teriam seu país atacado pelas tropas francesas. Todavia, se
aderissem, as forças inglesas atacariam Portugal.
Neste
difícil momento, Portugal tentou se manter neutro, demorando a tomar uma
posição. E foi tendo em vista essa demora que Napoleão determinou a invasão de
Portugal em novembro de 1807.
Governando
Portugal como príncipe regente desde 1799, Dom João decidiu transferir a
família real para o Brasil com a ajuda da marinha britânica. Os preparativos
para a viagem foram feitos às pressas, e os nobres e familiares do príncipe
carregaram tudo o que podiam: joias, obras de arte, livros, móveis, roupas,
baixelas de prata, animais domésticos, alimentos, etc. A viagem teve início no
dia 29 de novembro, e as estimativas são de que entre 4,5 mil e 15 mil pessoas
foram para a América portuguesa em 36 navios. Além dos membros da família real,
também fizeram a viagem altos funcionários, magistrados, nobres, sacerdotes,
militares de alta patente, etc. A viagem não foi muito agradável para todos
porque, com a lotação dos navios, muitos dormiam no convés e houve também o
racionamento de água e comida.
Parte
da esquadra aportou em Salvador a partir de uma decisão do próprio Dom João, que
queria assegurar a fidelidade da população da cidade, na qual ocorrera a
Conjuração Baiana em 1798. Posteriormente, a comitiva seguiu para o Rio de
Janeiro, onde já se encontrava o restante da frota.
A
abertura dos portos
Com
boa parte da elite lusa agora na América portuguesa, que assim se tornava sede
do Império, o desenvolvimento da colônia seria acelerado. Em 28 de janeiro de
1808, seis dias após a chegada do príncipe a Salvador, Dom João decretou a
abertura dos portos brasileiros às nações amigas. Também ficou definido que produtos importados de Portugal seriam taxados em 16%, enquanto que os oriundos
de outros países seriam taxados em 24%, exceção feita aos produtos ingleses,
que seriam taxados em 15%.
Urbanização
do Rio de Janeiro
Quando
a família real chegou ao Rio de Janeiro, a cidade tinha uma população de
aproximadamente 50 mil habitantes e não contava com uma infraestrutura para
receber um número tão grande de pessoas. A partir disso, Dom João requisitou as
melhores casas da cidade para abrigar temporariamente os fidalgos vindos de
Portugal. As ruas foram pavimentadas e equipadas com iluminação pública e novos
chafarizes. Prédios públicos e residenciais foram construídos. Com a abertura
dos portos, artigos de luxo chegavam ao Rio de Janeiro. Pessoas da Corte e da
elite local passaram a usufruir de lojas de roupas finas, joalherias e salões
de cabeleireiros.
O
governo joanino
Em
seu governo, Dom João adotou algumas medidas importantes, entre as quais:
- Ação
expansionista na política externa, com a ocupação da Guiana Francesa em 1809 e
a anexação da Banda Oriental (atual Uruguai) em 1816.
Montagem
de toda uma estrutura burocrática. Órgãos e repartições como o Conselho de
Estado e o Erário Real foram criados e proporcionaram emprego para muitos
integrantes da comitiva do príncipe regente que se encontravam sem fonte de
renda. Em 1808 foram criados o Banco do Brasil, o Real Hospital Militar e o
Jardim Botânico.
Autorização
do funcionamento de tipografias e a publicação de jornais. A Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro foi organizada com os livros trazidos da Biblioteca
Real de Lisboa.
Doação
de sesmarias e fornecimento de crédito para que as pessoas pudessem plantar e
criar gado. A intenção com tais medidas era a de interligar a capital com
outras regiões da colônia e povoar o interior. Essa política de povoamento
estimulou a imigração: 45 colonos oriundos de Macau e Cantão, na China, estabeleceram-se
no Rio de Janeiro em 1815, enquanto que cerca de 2 mil suíços fundaram Nova
Friburgo em 1818, na província do Rio de Janeiro. Por sua vez, artistas e
cientistas estrangeiros interessados em estudar a fauna e a flora do Brasil
também vieram para cá, organizando expedições em províncias como Mato Grosso,
Minas Gerais e Santa Catarina.
Missões
artísticas e científicas
O
príncipe alemão Maximilian von Wied liderou uma das primeiras expedições
(também chamadas de missões) artísticas e científicas de estrangeiros no Brasil
durante o início do século XIX, entre 1815 e 1817. Essa expedição deixou um
importante legado botânico e linguístico, além de um grande acervo etnográfico
com registros da vida de diversos povos indígenas, como os Puri, os Botocudo e
os Pataxó.
O
pintor francês Jean-Baptiste Debret chegou ao Rio de Janeiro em 1816 e retratou
em seus quadros a vida dos escravizados e o cotidiano da cidade.
Em
1817 chegou uma importante missão de origem austríaca que tinha entre seus
integrantes o zoólogo Johann von Spix e o botânico Karl von Martius. Por três
anos eles percorreram mais de 20 mil quilômetros, registrando informações sobre
a fauna e a flora do Brasil.
Em
1824, o cônsul da Rússia no Brasil, o barão Georg Heinrich von Langsdorff,
organizou a Expedição Langsdorff que saiu do Rio de Janeiro em direção ao
interior. Esse grupo desenvolveu um trabalho que é considerado um dos maiores
tesouros científicos do Brasil. Fez parte dessa expedição o pintor Johann
Moritz Rugendas.
E
como ficou Portugal após a vinda da família real para a América portuguesa?
As
tropas de Napoleão entraram em Lisboa um dia depois da fuga da família real portuguesa,
e o reino de Portugal ficou sob domínio estrangeiro. Em maio de 1808, começaram
a ocorrer revoltas de portugueses contra as tropas de Bonaparte em diversos
pontos do território português. A guerra entre portugueses e franceses duraria
até 1814, e os primeiros tiveram a ajuda do exército britânico. Nesse período
marcado por conflitos e pela fome, 100 mil portugueses morreram.
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