Sobre o "Blog do Super Rodrigão"

*** O "Blog do Super Rodrigão" foi criado e editado por Rodrigo Francisco Dias quando de sua passagem como professor de História da Escola Estadual Messias Pedreiro (Uberlândia-MG). O Blog esteve ativo entre os anos de 2013 e 2018, mas as suas atividades foram encerradas no dia 27/08/2018, após o professor Rodrigo deixar a E. E. Messias Pedreiro. ***

sábado, 9 de agosto de 2014

1808 - A Família Real Portuguesa no Brasil

A América portuguesa no início do século XIX

- Vilas e cidades no litoral e no interior em decorrência da ação de bandeirantes, mineradores, vaqueiros e tropeiros, bem como do trabalho de escravos indígenas e africanos.

- Sul: criação de gado e produção de artigos de couro.

- Capitania de São Paulo: produção agrícola e ponto de passagem de mercadorias vindas do sul para outras regiões.

- Rio de Janeiro: capital da colônia desde 1763, tinha um porto bem movimentado.

- Minas Gerais: polo agropecuário.

- Zona da Mata do Nordeste: produção de açúcar.

- Norte e partes do Nordeste: algodão, arroz, fumo, cacau, anil.


1808: a vinda da família real

Quando Napoleão Bonaparte decretou o Bloqueio Continental à Inglaterra em 1806, Portugal se viu em uma complexa situação. Se os portugueses não aderissem ao Bloqueio, teriam seu país atacado pelas tropas francesas. Todavia, se aderissem, as forças inglesas atacariam Portugal.

Neste difícil momento, Portugal tentou se manter neutro, demorando a tomar uma posição. E foi tendo em vista essa demora que Napoleão determinou a invasão de Portugal em novembro de 1807.

Governando Portugal como príncipe regente desde 1799, Dom João decidiu transferir a família real para o Brasil com a ajuda da marinha britânica. Os preparativos para a viagem foram feitos às pressas, e os nobres e familiares do príncipe carregaram tudo o que podiam: joias, obras de arte, livros, móveis, roupas, baixelas de prata, animais domésticos, alimentos, etc. A viagem teve início no dia 29 de novembro, e as estimativas são de que entre 4,5 mil e 15 mil pessoas foram para a América portuguesa em 36 navios. Além dos membros da família real, também fizeram a viagem altos funcionários, magistrados, nobres, sacerdotes, militares de alta patente, etc. A viagem não foi muito agradável para todos porque, com a lotação dos navios, muitos dormiam no convés e houve também o racionamento de água e comida.

Parte da esquadra aportou em Salvador a partir de uma decisão do próprio Dom João, que queria assegurar a fidelidade da população da cidade, na qual ocorrera a Conjuração Baiana em 1798. Posteriormente, a comitiva seguiu para o Rio de Janeiro, onde já se encontrava o restante da frota.


A abertura dos portos

Com boa parte da elite lusa agora na América portuguesa, que assim se tornava sede do Império, o desenvolvimento da colônia seria acelerado. Em 28 de janeiro de 1808, seis dias após a chegada do príncipe a Salvador, Dom João decretou a abertura dos portos brasileiros às nações amigas. Também ficou definido que produtos importados de Portugal seriam taxados em 16%, enquanto que os oriundos de outros países seriam taxados em 24%, exceção feita aos produtos ingleses, que seriam taxados em 15%.


Urbanização do Rio de Janeiro

Quando a família real chegou ao Rio de Janeiro, a cidade tinha uma população de aproximadamente 50 mil habitantes e não contava com uma infraestrutura para receber um número tão grande de pessoas. A partir disso, Dom João requisitou as melhores casas da cidade para abrigar temporariamente os fidalgos vindos de Portugal. As ruas foram pavimentadas e equipadas com iluminação pública e novos chafarizes. Prédios públicos e residenciais foram construídos. Com a abertura dos portos, artigos de luxo chegavam ao Rio de Janeiro. Pessoas da Corte e da elite local passaram a usufruir de lojas de roupas finas, joalherias e salões de cabeleireiros.


O governo joanino

Em seu governo, Dom João adotou algumas medidas importantes, entre as quais:

- Ação expansionista na política externa, com a ocupação da Guiana Francesa em 1809 e a anexação da Banda Oriental (atual Uruguai) em 1816.

Montagem de toda uma estrutura burocrática. Órgãos e repartições como o Conselho de Estado e o Erário Real foram criados e proporcionaram emprego para muitos integrantes da comitiva do príncipe regente que se encontravam sem fonte de renda. Em 1808 foram criados o Banco do Brasil, o Real Hospital Militar e o Jardim Botânico.

Autorização do funcionamento de tipografias e a publicação de jornais. A Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro foi organizada com os livros trazidos da Biblioteca Real de Lisboa.

Doação de sesmarias e fornecimento de crédito para que as pessoas pudessem plantar e criar gado. A intenção com tais medidas era a de interligar a capital com outras regiões da colônia e povoar o interior. Essa política de povoamento estimulou a imigração: 45 colonos oriundos de Macau e Cantão, na China, estabeleceram-se no Rio de Janeiro em 1815, enquanto que cerca de 2 mil suíços fundaram Nova Friburgo em 1818, na província do Rio de Janeiro. Por sua vez, artistas e cientistas estrangeiros interessados em estudar a fauna e a flora do Brasil também vieram para cá, organizando expedições em províncias como Mato Grosso, Minas Gerais e Santa Catarina.


Missões artísticas e científicas

O príncipe alemão Maximilian von Wied liderou uma das primeiras expedições (também chamadas de missões) artísticas e científicas de estrangeiros no Brasil durante o início do século XIX, entre 1815 e 1817. Essa expedição deixou um importante legado botânico e linguístico, além de um grande acervo etnográfico com registros da vida de diversos povos indígenas, como os Puri, os Botocudo e os Pataxó.

O pintor francês Jean-Baptiste Debret chegou ao Rio de Janeiro em 1816 e retratou em seus quadros a vida dos escravizados e o cotidiano da cidade.

Em 1817 chegou uma importante missão de origem austríaca que tinha entre seus integrantes o zoólogo Johann von Spix e o botânico Karl von Martius. Por três anos eles percorreram mais de 20 mil quilômetros, registrando informações sobre a fauna e a flora do Brasil.

Em 1824, o cônsul da Rússia no Brasil, o barão Georg Heinrich von Langsdorff, organizou a Expedição Langsdorff que saiu do Rio de Janeiro em direção ao interior. Esse grupo desenvolveu um trabalho que é considerado um dos maiores tesouros científicos do Brasil. Fez parte dessa expedição o pintor Johann Moritz Rugendas.


E como ficou Portugal após a vinda da família real para a América portuguesa?


As tropas de Napoleão entraram em Lisboa um dia depois da fuga da família real portuguesa, e o reino de Portugal ficou sob domínio estrangeiro. Em maio de 1808, começaram a ocorrer revoltas de portugueses contra as tropas de Bonaparte em diversos pontos do território português. A guerra entre portugueses e franceses duraria até 1814, e os primeiros tiveram a ajuda do exército britânico. Nesse período marcado por conflitos e pela fome, 100 mil portugueses morreram.


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