Sobre o "Blog do Super Rodrigão"

*** O "Blog do Super Rodrigão" foi criado e editado por Rodrigo Francisco Dias quando de sua passagem como professor de História da Escola Estadual Messias Pedreiro (Uberlândia-MG). O Blog esteve ativo entre os anos de 2013 e 2018, mas as suas atividades foram encerradas no dia 27/08/2018, após o professor Rodrigo deixar a E. E. Messias Pedreiro. ***

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O Processo de Independência do Brasil

Quando a família real portuguesa chegou ao Brasil, houve uma série de comemorações. Contudo, algum tempo depois começaram a aparecer sinais de insatisfação contra a presença da Corte de dom João na América portuguesa e contra a alta carga tributária imposta pelo príncipe regente.

Os altos gastos da Corte, as obras de embelezamento do Rio de Janeiro e as intervenções militares do governo joanino exigiam uma considerável soma de recursos financeiros, que tinham que ser obtidos por meio de impostos. Por outro lado, ainda havia o fato de que os portugueses tinham privilégios ao assumir altos cargos burocráticos e postos elevados na Academia Real Militar, o que era objeto de questionamentos por parte da população.

A população livre e pobre sofria com a carestia, o aumento dos preços, o desemprego (havia agora a concorrência não apenas com a mão de obra escrava, mas também com os imigrantes portugueses, sobretudo no meio urbano) e a dificuldade de acesso à terra nas zonas rurais.

Em meio a esse cenário, começaram a ocorrer agitações de rua que acabavam terminando, por vezes, em choques com a polícia, quebra-quebras e pancadarias.

Em Portugal, a queda de Napoleão Bonaparte em 1815 fez com que os portugueses passassem a exigir o retorno de dom João ao país. Em dezembro do mesmo ano de 1815, dom João assinou um decreto que criava o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, o que fez com que o Brasil deixasse de ser simplesmente uma colônia e passasse a ter o mesmo status político de Portugal. A partir disso, Lisboa e Rio de Janeiro passaram a ser os dois centros políticos do Reino.


A Revolução Pernambucana (1817)

No início de 1817, o debate em torno de ideias emancipacionistas e republicanas originou um movimento conspiratório em Pernambuco. Sob inspiração da Revolução Francesa, os líderes da “Insurreição Pernambucana” redigiram o esboço de uma Constituição que garantia a igualdade de direitos, a liberdade de imprensa e a tolerância religiosa. Nas missas, o vinho e o trigo foram substituídos pela cachaça e pela mandioca em uma atitude de boicote aos produtos vindos de Portugal.

Contudo, as dissenções entre os proprietários de escravos e os rebeldes que defendiam o fim da escravidão acabaram enfraquecendo o movimento. Em maio, tropas oriundas da Bahia e do Rio de Janeiro cercaram o Recife. Alguns líderes do movimento foram executados, enquanto que outros foram presos e enviados a Salvador.


A Revolução do Porto e o retorno da família real a Portugal

Em 1817, em Portugal um grupo de pessoas de formação liberal e ligadas à maçonaria, sob a liderança do general Gomes Freire de Andrade, conspirou pela expulsão dos ingleses do país, pelo fim da monarquia e pela instauração da República. Porém, a conspiração fracassou antes de ser colocada em prática porque os seus líderes foram delatados. Doze pessoas, incluindo Gomes Freire de Andrade foram executadas.

No ano seguinte, dom João foi aclamado rei como dom João VI, e sua insistência em continuar vivendo no Brasil descontentou ainda mais a população em Portugal.

Nessa mesma época, na cidade do Porto, em Portugal, um grupo de monarquistas liberais passou a defender a ideia de que o monarca deveria governar obedecendo a uma Constituição.

Em 1820, o general inglês Beresford, que governava Portugal, foi ao Rio de Janeiro exigir de dom João VI maiores poderes para conter os ânimos da população. Com a ausência de Beresford, uma guarnição do exército do Porto se aproveitou para iniciar uma rebelião, em um processo que levou a uma revolução liberal contrária ao absolutismo que ficaria conhecida como a Revolução do Porto. O movimento iniciado em agosto de 1820 espalhou-se rapidamente por várias cidades portuguesas. Em Lisboa, uma junta provisória assumiu o poder, convocou as Cortes para elaborar uma Constituição e exigiu o retorno da família real a Portugal e a restauração do monopólio comercial com o Brasil, condenando a intromissão inglesa nos negócios do Reino.

Revoltas em apoio ao movimento constitucional de Portugal ocorreram no Pará, na Bahia e em Pernambuco. Em fevereiro de 1821, dom João VI jurou fidelidade à futura Constituição, prometeu convocar eleições para a escolha de deputados representantes do Brasil nas Cortes de Lisboa e anunciou o seu retorno a Portugal, pois temia perder o trono.

No dia 26 de abril, a família real e mais quatro mil pessoas, entre nobres e funcionários, saíram do Brasil em direção a Portugal. O filho do rei, dom Pedro, permaneceu na América portuguesa como príncipe regente.


As Cortes de Lisboa

Após o embarque de dom João VI, eleições foram realizadas para escolher os representantes do Brasil nas Cortes de Lisboa. Dos 71 eleitos, a maior parte defendia a independência do Brasil em relação a Portugal, porém, apenas 56 viajaram a Lisboa, onde chegaram oito meses após o início dos trabalhos dos constituintes portugueses.

Os parlamentares oriundos da América portuguesa enfrentavam forte oposição dos parlamentares portugueses, e começaram a perceber também que medidas desfavoráveis ao Brasil já haviam sido adotadas. Tais medidas convergiam para que o Brasil fosse reduzido à sua antiga condição de colônia. Os portugueses defendiam ainda que Brasil e Portugal deveriam se submeter à autoridade das Cortes de Lisboa. Já em fins de 1821, as Cortes ordenaram que dom Pedro fosse para Portugal.


A Independência

No Brasil, pessoas com experiência administrativa estavam próximas de dom Pedro para ajudá-lo a governar. Desse grupo de pessoas, destacava-se José Bonifácio de Andrade e Silva (1763-1838), que assim como outros políticos do período defendia a ideia de que o Brasil deveria se manter unido a Portugal, porém com um governo próprio e autônomo. Havia também um grupo de pessoas que defendia o rompimento com Portugal. Apesar das diferenças, as duas correntes políticas concordavam que dom Pedro deveria resistir às pressões das Cortes de Lisboa, recusando-se a ir para Portugal.

No final de 1821, José Bonifácio enviou a dom Pedro uma representação na qual pedia que o príncipe permanecesse no Brasil. No dia 29 de dezembro de 1821, um abaixo-assinado com oito mil assinaturas foi entregue a dom Pedro. O documento também pedia a permanência do filho de dom João VI no Brasil.

No dia 9 de janeiro de 1822, o príncipe anunciou sua decisão de ficar no Brasil, em um episódio que se tornou conhecido como o Dia do Fico. Dom Pedro reorganizou seu ministério, deixando-o sob a chefia de José Bonifácio.

Em fevereiro, dom Pedro nomeou o brasileiro Manuel Pedro para o cargo de governador das armas da Bahia, ato que contrariava a decisão de Lisboa, que havia optado pelo general português Madeira de Melo. Os comandados de Madeira de Melo e as forças brasileiras que queriam a independência iniciaram um conflito que se prolongaria até meados de 1823.

Em maio de 1822 o príncipe regente determinou que nenhum decreto das Cortes de Lisboa fosse cumprido sem a sua prévia aprovação. No mês de junho, ele aprovou a convocação de uma Assembleia Constituinte no Brasil.

Em setembro, despachos vindos de Lisboa desautorizavam a convocação da Assembleia Constituinte e ordenavam que dom Pedro viajasse imediatamente para Portugal. Segundo a narrativa tradicional, José Bonifácio enviou despachos ao príncipe aconselhando-o a romper com Portugal. Um mensageiro, ainda de acordo com a narrativa tradicional, teria alcançado dom Pedro nas proximidades do riacho do Ipiranga, em São Paulo, no dia 7 de setembro de 1822. Ao receber os decretos, o príncipe teria decretado ali mesmo a ruptura dos laços com Portugal.

No dia 12 de outubro, no Rio de Janeiro, dom Pedro foi aclamado imperador constitucional do Brasil.

Conflitos e derramamento de sangue ocorreram em diversas regiões do Brasil. Na Bahia, destacou-se a figura de Maria Quitéria de Jesus Medeiros, que se alistou ao lado das tropas brasileiras. Naquela região, os combates só terminaram em 2 de julho de 1823.

No Maranhão, no Ceará, no Pará, na Província Cisplatina e no Piauí, portugueses que viviam nessas regiões revoltaram-se contra a independência. Para derrotar os revoltosos, dom Pedro recrutou mercenários estrangeiros, tais como o oficial francês Pedro Labatut e o almirante inglês Lord Cochrane. A vitória das tropas brasileiras impediu a fragmentação do Brasil e garantiu a unidade territorial da jovem nação.


Vídeos sobre o assunto (basta clicar nos links abaixo)*:








* Os vídeos acima foram selecionados pela estagiária Juliane Granusso.


Texto sobre a construção do 7 de setembro como marco da Independência do Brasil (basta clicar no link abaixo para fazer o download do artigo):