Sobre o "Blog do Super Rodrigão"

*** O "Blog do Super Rodrigão" foi criado e editado por Rodrigo Francisco Dias quando de sua passagem como professor de História da Escola Estadual Messias Pedreiro (Uberlândia-MG). O Blog esteve ativo entre os anos de 2013 e 2018, mas as suas atividades foram encerradas no dia 27/08/2018, após o professor Rodrigo deixar a E. E. Messias Pedreiro. ***

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O Iluminismo no século XVIII

LEMBRAR: o cenário político e social europeu. Sociedade dividida: a) nobreza; b) clero; c) povo (servos, camponeses, profissionais liberais, burguesia).

- O clero e a nobreza possuíam privilégios desde o período medieval.

- O Absolutismo: poder centralizado e forte nas mãos do rei (poder vitalício, hereditário e divino).

- A burguesia (cada vez mais forte economicamente) começa a questionar o poder absoluto dos reis e os privilégios da nobreza.


ORIGENS DO ILUMINISMO - Século XVII

René Descartes (1596-1650), francês - Racionalismo como base do conhecimento. Por meio da dúvida é possível chegar a uma verdade absoluta. Essa verdade é a sua própria capacidade de pensar, que decorre de sua própria existência ("Penso, logo existo"). O universo é criado por Deus e governado por leis eternas. A razão humana deve desvendar tais leis.

Isaac Newton (1642-1727), inglês - O universo é governado por leis e não há interferência divina. Interpretação das leis da natureza por meio de expressões matemáticas. Se há leis governando a natureza, também devem existir leis governando a sociedade.

John Locke (1632-1704), inglês - Lançou os princípios da filosofia política iluminista. Autor de Segundo Tratado sobre o governo civil. Os direitos naturais do homem: vida, liberdade e propriedade. Para garantir tais direitos os homens criaram o governo onde, por meio de um contrato, o governante recebeu a autoridade da maioria (os governados). O governante deve a partir disso garantir os direitos das pessoas. Caso o governante romper tal contrato, governando apenas para os seus próprios interesses, a sociedade tem o direito de derrubá-lo. O pensamento de Locke é uma rejeição ao absolutismo.


SÉCULO XVIII - O "século das luzes"

Voltaire (1694-1778), francês - Fez críticas à Igreja e ao clero, mas acreditava em Deus. Criticou também os resquícios da servidão feudal. Defendeu a liberdade de expressão (vista como um direito natural do homem). Criticou qualquer forma de censura: "Posso não concordar com uma única palavra que dizeis, mas defenderei até a morte o direito de dizê-la". Fez também críticas à guerra e à ideia de revolução. Defendia que os monarcas deveriam ser orientados por filósofos: um governo progressista e "esclarecido". Foi conselheiro de monarcas da Prússia e da Rússia (inspiração para o despotismo esclarecido).

Montesquieu (1689-1755), francês - Os três poderes: executivo, legislativo e judiciário. Ao afirmar que o governante deveria apenas executar leis redigidas por legisladores e julgadas por tribunais, defendeu a limitação do poder absolutista dos reis. As leis, arregimentadas na Constituição, devem expressar os valores de toda a sociedade e devem ser obedecidas até pelos governantes.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), francês - Crítica ao absolutismo. Sua crítica à propriedade privada não agradou à burguesia. Os homens nascem iguais e livres, e são eles que criam leis e organizam a sociedade conforme a sua livre-vontade. Defesa da democracia como expressão da vontade geral da população. Crítica ao racionalismo excessivo. Valorização dos sentimentos. A alta burguesia rejeitou as suas críticas ao racionalismo, ao elitismo governamental e à opulência. As ideias de Rousseau foram aceitas pelos setores médios e populares.

Denis Diderot (1713-1784) e Jean d'Alembert (1717-1783) - Compilação da Enciclopédia, obra dividida em vários volumes e que procurava apresentar todo o conhecimento humano acumulado até então, conforme entendido pelos iluministas. Voltaire, Montesquieu e Rousseau estiveram entre os colaboradores da Enciclopédia. Algumas ideias presentes na obra: racionalismo como substituto da fé, estímulo à ciência, crença em Deus como a força impulsionadora do universo, a ideia de contrato entre governantes e governados.


OS ECONOMISTAS DO ILUMINISMO

Fisiocracia - a terra era vista como a única fonte de riqueza. Crítica às ideias mercantilistas (em especial ao princípio do metalismo, segundo o qual o acúmulo de metais preciosos é a única fonte de riqueza). Segundo os fisiocratas, o comércio e a manufatura apenas transformam e fazem circular a riqueza oriunda da terra, da agricultura. Alguns fisiocratas: François Quesnay (1694-1774), Anne Robert Jacques Turgot (1727-1781) e Vincent de Gournay (1712-1759).

Liberalismo - Adam Smith (1723-1790). Crítica ao mercantilismo. Segundo Smith, o trabalho é a única fonte de riqueza, e não o comércio. Racionalização da produção. Defesa da concorrência, da divisão do trabalho e do livre comércio.


O FENÔMENO DO DESPOTISMO ESCLARECIDO

No intuito de amenizar as tensões com a burguesia, monarcas absolutistas europeus no final do século XVIII realizaram reformas de cunho iluminista sendo assessorados por ministros "esclarecidos".

- Modernização e aumento da eficiência administrativa dos reinos. Incentivo à educação pública, com a criação de escolas. Apoio a academias literárias e científicas. Estímulo à cultura, às artes e à filosofia.

- As reformas do "despotismo esclarecido" visavam prolongar a existência do absolutismo, eram uma forma de agradar a burguesia (que a longo prazo não ficaria satisfeita apenas com tais reformas).

- Alguns déspotas esclarecidos: José II (Áustria), Catarina II (Rússia), Frederico II (Prússia), D. José II (Portugal) e Carlos III (Espanha). As suas reformas enfatizavam o campo econômico, de modo a enfrentar a concorrência da França e da Inglaterra.

IMPORTANTE: Lembrar que na Inglaterra o rei já estava submetido a um parlamento burguês desde a Revolução Gloriosa de 1688. Já na França, os reis impunham a sua autoridade, mantendo-se irredutíveis, o que originou uma insatisfação crescente que acabaria explodindo em uma revolução burguesa em 1789.

Resumindo: a partir do exposto acima, temos que o Iluminismo surgiu em um momento de tensões entre monarquias absolutistas e burguesia, com o processo de declínio do Estado moderno absolutista.


Para pensar...



O quadro acima é intitulado Filósofos iluministas reunidos no salão de madame Geoffrin, e foi pintado por Anicet-Charles Lemmonier em 1812. Trata-se de uma obra bastante conhecida. Agora analise atentamente o quadro. O que você vê? Como é o ambiente no qual as pessoas estão? Tente descrever o salão. Quais objetos aparecem? Como é a decoração do local? Observe também os detalhes das pessoas, suas roupas e expressões faciais. Sobre o quê elas devem estar conversando?