Ao
término da Primeira Guerra Mundial
houve quem pensasse que um conflito como aquele não ocorreria novamente.
Todavia, os tratados que puseram fim à guerra geraram insatisfação em diversos
países europeus. Antigas potências foram fragmentadas e houve a separação
arbitrária de grupos e etnias que até então viviam unidos. Outro gerador de
discórdia foi a crise econômica que atingiu vários países do mundo na década de
1930, crise essa gerada pela queda da
Bolsa de Nova York em 1929. Muitas pessoas perderam a confiança na
democracia liberal e movimentos
totalitários e ultranacionalistas surgiram em alguns países, como na
Alemanha e na Itália. Enquanto isso, outras nações também viam o surgimento de
verdadeiras ditaduras, tais como Polônia, Grécia, Espanha e Portugal.
Nesta
perspectiva, o equilíbrio de forças entre as grandes potências mundiais no
período posterior à Primeira Guerra Mundial dependia de três grupos de países.
O primeiro grupo era formado pelos países
capitalistas de regimes totalitários ou autoritários, como Itália,
Alemanha, Polônia, Áustria, Espanha, Grécia e Turquia. O segundo grupo era
formado pelas democracias liberais,
sob a liderança de Inglaterra, França e Estados Unidos. O terceiro grupo era
composto pela União Soviética, que
também tinha um governo totalitário e que estava, naquele momento, isolado do
restante do continente europeu. Pensando em interesses próprios mais imediatos,
muitas vezes esses países deixavam de lado algumas divergências
político-ideológicas e estabeleciam entre si certos acordos econômicos e
políticos, bem como pactos de não agressão. Exemplos disso foi o tratado
assinado entre a Inglaterra e a Alemanha nazista, bem como o tratado assinado entre
a França e a União Soviética. Em 1936, os alemães firmaram o tratado chamado Eixo Roma-Berlim, com os italianos, e o
Pacto Anti-Komintern com os
japoneses. Este último pacto visava combater o comunismo, em especial a Internacional Comunista (Komintern),
organização sediada em Moscou. A articulação entre Alemanha, Itália e Japão
significava o surgimento do Eixo
Berlim-Roma-Tóquio.
O
precário equilíbrio entre as nações foi abalado pelas políticas expansionistas
de alguns países a partir dos anos 1930. No ano de 1931, o Japão invadiu a Manchúria (que pertencia à China), o
que gerou protestos na Liga das Nações.
Os japoneses decidiram-se por sair da organização, fato que enfraqueceu ainda
mais a Liga, uma vez que ela não contava com a participação dos EUA e nem da
União Soviética. Em 1937, os japoneses lançaram uma grande ofensiva militar
contra a China.
O
expansionismo também foi praticado por países europeus. A Itália ocupou a Etiópia, em 1936, e invadiu a Albânia, em 1939. A Alemanha, sob o
comando de Adolf Hitler, violou o Tratado
de Versalhes ao instituir o serviço militar obrigatório, reorganizar seu Exército,
construir uma Força Aérea, fortalecer a Marinha e desenvolver a indústria
bélica. Os alemães ocuparam o Sarre
– região rica em jazidas de carvão e que era explorada pelos franceses como
indenização de guerra desde 1919 –, a Renânia
– região entre Alemanha e França – em 1936 e anexaram a Áustria em 1938, o que
contrariava o Tratado de Versalhes. Os austríacos não resistiram à anexação,
que ficou conhecida como Anschluss (união,
anexação). Os nazistas justificavam
o seu expansionismo afirmando que estavam em busca do “espaço vital”, ou seja, o conjunto de territórios necessários à
produção de matérias-primas e alimentos para o novo “império germânico” em formação.
Os
governos da França, da Inglaterra e dos Estados Unidos não procuraram impedir o
avanço alemão, argumentando que estavam preocupados em evitar o advento de uma
outra guerra de grandes proporções. Quando os alemães ocuparam os Sudetos – região da Tchecoslováquia –
em 1938, a Inglaterra e a França obrigaram Hitler a entrar em negociações. Isso
foi feito ainda em 1938, na Conferência
de Munique, mas o führer dominou
a reunião e impôs a ocupação dos Sudetos como um fato consumado. No ano
seguinte, os alemães ocuparam a Boêmia
e a Morávia, duas outras regiões da
Tchecoslováquia. Houve uma espécie de “política
de apaziguamento” por parte dos países europeus, como no caso da Inglaterra
(sob o governo do primeiro-ministro Neville
Chamberlain). Assim, os países faziam concessões aos interesses hitleristas
ao mesmo tempo em que se armavam para um provável conflito.
Em
Moscou, o governo de Stalin julgava que tais concessões visavam a colocar os
alemães contra os soviéticos, uma vez que os interesses nazistas situavam-se na
Europa Oriental. O governo da URSS tentou aproximar-se da França e da
Inglaterra, mas não obteve êxito. Surpreendendo a muita gente, Alemanha e União
Soviética acabaram assinando um acordo de não agressão, o Pacto Ribentropp-Molotov, ainda em 1939. Stalin pretendia ganhar
tempo para se preparar militarmente para uma eventual guerra contra a Alemanha.
Por sua vez, Hitler queria evitar o erro alemão cometido durante a Primeira
Guerra Mundial, quando a Alemanha teve que combater em duas frentes. Como o
acordo previa a divisão do território polonês entre a Alemanha e a União
Soviética, além do controle soviético da Letônia e da Estônia, dias depois de
sua assinatura os alemães invadiram a Polônia.
A Alemanha tinha muito interesse na cidade de Dantzig. A atitude da Alemanha
fez com que a Inglaterra e a França declarassem guerra aos alemães. Era o
início da Segunda Guerra Mundial.
Inicialmente,
o poderio bélico alemão parecia não encontrar adversários à altura. A Alemanha
contava com uma grande força aérea – a Luftwaffe – e empregava a estratégia de ataques-surpresa – blitzkrieg (guerra-relâmpago). Intensos
bombardeios eram seguidos da invasão realizada por blindados e pela infantaria.
Os poloneses renderam-se rapidamente e, em poucos meses, os alemães
conquistaram a Noruega, a Dinamarca, Luxemburgo, a Bélgica e
a Holanda. As vitórias alemãs sobre
as forças inglesas levaram à queda de Chamberlain e à ascensão de Winston Churchill ao cargo de
primeiro-ministro da Inglaterra. Churchill se opunha ao apaziguamento. Por sua
vez, a França foi ocupada pelos alemães em 1940, após o cerco alemão aos
exércitos franceses e ingleses em Dunquerque,
região próxima ao Canal da Mancha. O território francês foi dividido em duas
partes: a região norte, incluindo a cidade de Paris, ficou sob controle alemão,
enquanto a região sul – com capital na cidade de Vichy – passou a ser governada por franceses pró-nazistas que,
liderados pelo marechal francês simpatizante do fascismo, Pétain, ficariam conhecidos como colaboracionistas.
Nos
territórios ocupados pela Alemanha sempre havia quem apoiasse as forças de
Hitler, pois muitos consideravam que o líder nazista estava lutando contra o
comunismo. Contudo, o avanço nazista sobre diversas áreas do continente europeu
também enfrentou a resistência de grupos civis. Oriundos de várias partes da
Europa e formados por pessoas de diferentes camadas sociais e ambos os sexos –
operários, trabalhadores em geral, membros da aristocracia, integrantes do
exército, funcionários da administração, eclesiásticos, intelectuais, etc. –,
esses grupos lutaram contra os nazifascistas durante a Segunda Guerra Mundial. Os
resistentes noruegueses explodiram o estoque alemão de água pesada, que os
nazistas usariam em pesquisas atômicas. Os resistentes poloneses sabotaram o
abastecimento para os tropas alemãs na frente oriental. Os resistentes
iugoslavos organizaram uma guerra de guerrilhas em seu território cheio de
montanhas e florestas. Comandados por Josip
Broz (1892-1980) – o Tito –, os
resistentes iugoslavos libertaram seu país do domínio nazista.
O
líder da Resistência francesa era o
general Charles de Gaulle, que não
aceitou a rendição aos nazistas e exilou-se na Inglaterra. Da Inglaterra, de
Gaulle enviava instruções aos seus compatriotas por meio da rádio BBC de
Londres. A Resistência francesa contou ainda com a ajuda de comunistas
brasileiros, como Apolônio de Carvalho, que também lutou nas Brigadas
Internacionais durante a Guerra Civil Espanhola.
No
território alemão também houve resistência ao nazismo. A desobediência civil
era praticada por muitas pessoas, que participavam de missas e procissões
proibidas pelo regime de Hitler. Alguns alemães esconderam judeus perseguidos
em suas próprias casas, ou ajudavam esses judeus a fugir do país. Houve ainda
atentados contra a vida de Hitler. Os alemães que se opunham ao nazismo
boicotaram o recrutamento militar e organizaram grupos de resistência, como o Weisse
Rose (Rosa Branca), muito
atuante nas cidades de Munique e Hamburgo. Os integrantes desse movimento
denunciavam os horrores da guerra – como o extermínio dos judeus, por exemplo –
e as arbitrariedades do regime por meio de panfletos. Na embaixada brasileira
em Hamburgo, na Alemanha, a paranaense Aracy
Moebius de Carvalho (que mais tarde se casaria com o escritor João Guimarães
Rosa) usou de diversos artifícios para conseguir vistos de entrada no Brasil
para judeus que fugiam do nazismo, em uma atitude que contrariava a medida do
governo de Getúlio Vargas que restringia a entrada de judeus no território
brasileiro. Aracy chegou a transportar muitos judeus no carro da embaixada
brasileira para permitir que eles saíssem da Alemanha.
Após
a ocupação da França pelos alemães, a Inglaterra ficou isolada. Naquele
momento, o primeiro-ministro inglês era Winston Churchill, do Partido
Conservador, que havia acabado de assumir o poder. Empolgado com o sucesso
nazista, Mussolini abandonou a neutralidade e, em junho de 1940, fez a Itália
entrar na guerra ao lado da Alemanha. Hitler decidiu pelo ataque à Inglaterra.
Os alemães bombardearam o território britânico de forma sistemática a partir de
agosto de 1940. Toneladas de bombas foram lançadas pelas aeronaves da Luftwaffe sobre portos e cidades
inglesas, principalmente sobre a capital do país, a cidade de Londres. Mas os
ingleses não se renderam. Usando o radar – um instrumento de localização que os
alemães desconheciam – e a Real Força
Aérea Britânica (RAF), os ingleses barraram a ofensiva nazista. Hitler
acabou voltando-se para regiões como o Mediterrâneo, os Bálcãs e o norte da
África. Em 1941, os nazistas já haviam conquistado a Grécia, a Iugoslávia e a
Albânia, enquanto governos-satélites já haviam sido estabelecidos por Hitler na
Romênia, na Bulgária e na Hungria. Naquele momento da guerra, Hitler já
ameaçava o domínio britânico na região do canal de Suez, no Egito.
Durante
a Segunda Guerra Mundial, as indústrias dos países em guerra voltaram-se
principalmente para a produção de armas e materiais bélicos. As empresas que
atuavam em outras áreas acabaram desaparecendo ou mudaram de atividade.
Diversos produtos deixaram de ser fabricados – os brinquedos infantis sumiram
das lojas, por exemplo. Alguns produtos só eram encontrados no mercado
paralelo, onde eram vendidos a altos preços. Carnes e ovos se tornaram artigos
de luxo. Houve racionamento de comida em vários países. Na Inglaterra, o limite
máximo de quantidade de manteiga que podia ser comprada por uma pessoa era de
60 gramas. Na Alemanha, o acesso a carne e a alimentos frescos era um
privilégio exclusivo dos membros das Forças Armadas. Famílias passaram a criar
galinhas e coelhos para garantir o consumo de ovos e carne. Pequenas hortas
eram plantadas nos quintais. O reaproveitamento de alimentos tornou-se uma
regra na hora de cozinhar. Trapos velhos e o algodão dos colchões eram usados
na confecção de casacos. Quando as crianças cresciam, as mães usavam retalhos
para alargar as roupas dos meninos e das meninas. A improvisação e a
criatividade foram as marcas dos hábitos e dos costumes da população durante a
guerra. Aquilo que inicialmente não tinha utilidade para alguém, poderia
revelar-se muito útil em outro momento. Objetos usados eram vendidos ou
reaproveitados: artigos de metal, por exemplo, transformavam-se em armas e em
outros produtos para as forças armadas.
Após
conquistar boa parte da Europa, Hitler rompeu o pacto de não agressão firmado
com Stalin e colocou em prática a operação
Barbarossa, em junho de 1941.
Mais de 1 milhão de soldados alemães invadiram a União Soviética. Os exércitos
alemães concentraram seus ataques em Leningrado (antiga São Petersburgo, ao
norte), Moscou (ao centro) e em regiões agrícolas da Ucrânia (ao sul). O Exército Vermelho não conseguiu impedir
o avanço da Wehrmacht (Forças Armadas da Alemanha) e os alemães tomaram
áreas em que havia importante produção industrial, riquezas minerais e
agrícolas. As tropas de Hitler chegaram às portas de Moscou ainda em 1941. As
tropas nazistas não poupavam os civis e, em algumas cidades, toda a população
local era dizimada. Os alemães impuseram um verdadeiro clima de terror nos
territórios ocupados, transformando populações inteiras em trabalhadores
compulsórios, saqueando recursos industriais, agrícolas e obras de arte. É
preciso dizer que Hitler invadiu a URSS não apenas para combater o comunismo,
mas também por causa do interesse nos recursos minerais e agrícolas soviéticos.
Segundo o historiador John Keegan, os nazistas queriam fazer da União Soviética
uma colônia fornecedora de recursos – trigo, petróleo e manganês, por exemplo –
que sustentariam a “Grande Alemanha”.
Stalin
havia ordenado, pouco antes, a execução de alguns dos melhores generais do
Exército Vermelho, acusados de traição ao regime soviético, e agora o líder da
União Soviética se via diante de uma iminente catástrofe. Stalin decidiu então
mobilizar a população contra os invasores e, em pouco tempo, milhares de civis
passaram a lutar ao lado das tropas regulares. Indústrias soviéticas inteiras
foram desmontadas e instaladas a leste dos Montes Urais, para que não caíssem
em mãos nazistas. Além da população soviética, os soldados alemães tiveram que
enfrentar o clima do país. As tropas do Eixo tiveram que enfrentar um frio de
até 21 graus negativos durante o inverno, para o qual não estavam preparadas. O
frio e a resistência do povo soviético fustigaram os alemães, que começaram a
se afastar de Moscou no final de 1941. Era o sinal de que os nazistas podiam ser
derrotados.
Até
aquele momento, tanto os Estados Unidos da América quanto o Japão ficaram à
margem do conflito. Todavia, o governo norte-americano do presidente Roosevelt não escondia a sua simpatia
pelos Aliados – termo que designava o bloco de países que lutavam
contra o nazifascismo. Por outro lado, após a ocupação da França pelos
nazistas, em 1940, os japoneses estavam ainda mais próximos dos alemães,
especialmente depois de receberem de Hitler a Indochina, que era uma colônia
francesa no Extremo Oriente. O governo norte-americano temia a expansão
japonesa, que colocava em risco a segurança da costa oeste dos EUA, e acabou
impondo sanções comerciais ao Japão. Os EUA exigiam que as tropas japonesas
saíssem da China, que fora invadida pelo Japão em 1937. No dia 7 de dezembro de
1941, os japoneses reagiram e realizaram um ataque aéreo contra Pearl Harbor, base militar
norte-americana no Oceano Pacífico. O governo dos EUA declarou guerra ao Japão
e aos demais países do Eixo, passando a pressionar outros países – inclusive o
Brasil – a fazerem o mesmo. A guerra ganhou proporções mundiais e os cenários
das batalhas se estenderam pela Europa, África e Ásia.
A
ação das tropas soviéticas e norte-americanas desestabilizaram as forças do
Eixo. Sob o comando do general Eisenhower,
forças anglo-americanas derrotaram tropas alemãs no norte da África, em 1942.
No ano seguinte, os soviéticos expulsaram os alemães de Stalingrado e iniciaram o avanço em direção a Berlim. A retomada de
Stalingrado pelos soviéticos foi importante porque, se os nazistas
conquistassem essa cidade, as forças de Hitler teriam o controle do rio Volga e
dominariam os campos petrolíferos do Cáucaso. Hitler havia ordenado que seus
homens lutassem até a morte pelo controle da cidade, mas, quando o exército
soviético cercou o exército alemão em Stalingrado, o marechal alemão Friedrich
von Paulus acabou se rendendo, uma vez que não tinha nem como alimentar os seus
homens.
Após
a retomada de Stalingrado, os soviéticos passaram a marchar em direção à
Alemanha, libertando vários territórios que estavam sob o poder dos nazistas ao
longo do caminho: Polônia, Romênia, Bulgária, Noruega, Hungria e parte da
Tchecoslováquia. Após a insistência de Stalin, os governos da Inglaterra, da
França e dos EUA decidiram organizar uma segunda frente de combate ao Eixo, na
região ocidental da Europa (principalmente na França). No norte da África, o
general britânico Bernard Montgomery liderou uma vitória dos Aliados sobre a
Afrika Korps – um exército alemão liderado pelo general Erwin Rommel, conhecido
como “a raposa do deserto” – na Batalha
de Al-Alamein. Em junho de 1943, os norte-americanos ocuparam a Sicília e
outras partes da Itália. Benito Mussolini foi deposto pelo Conselho Fascista e
refugiou-se no norte do país, onde fundou a República Social Italiana (ou
República de Salò). Após a saída de Mussolini, o novo governo da Itália
declarou guerra à Alemanha.
No
dia 6 de junho de 1944 – o Dia D –,
3 milhões de soldados britânicos, estadunidenses, canadenses e franceses,
apoiados por 5 mil aviões e 6.400 navios, desembarcaram na Normandia – litoral norte da França. As tropas aliadas entraram em
Paris no dia 26 de agosto. Em seguida, a Bélgica e a Holanda foram libertadas. Bastaria
apenas mais um tempo para que os nazistas fossem derrotados. Não aceitando a
derrota iminente, Hitler ordenou que os alemães lutassem até o último homem, o
que fez com que alguns oficiais do Exército alemão planejassem atentados para
matar o líder nazista. Todavia, tais planos fracassaram. Em abril de 1945, os
soviéticos chegaram a Berlim. Hitler, sua esposa e diversos generais nazistas
cometeram o suicídio. Mussolini tentou fugir para a Suíça, mas foi preso e
fuzilado por combatentes da Resistência italiana. A rendição alemã se deu no
dia 7 de maio de 1945, por decisão do alto comando nazista. Milhões de alemães
fugiram ou foram expulsos da Prússia, de regiões da Tchecoslováquia, da
Romênia, da Iugoslávia e da Hungria.
Após
a rendição dos alemães, os líderes dos EUA, da União Soviética e da Inglaterra
reuniram-se entre julho e agosto de 1945 em Potsdam, nos arredores de Berlim,
para discutir os termos da paz. Muitas das decisões ali tomadas apenas
confirmaram o que já havia sido definido em uma reunião realizada em Ialta, na Crimeia, às margens do Mar
Negro, durante o mês de fevereiro de 1945. Por meio da Conferência de Potsdam, a Alemanha foi dividida em quatro zonas de
influência, controladas pelos EUA, pela França, pela Inglaterra e pela União Soviética.
A cidade de Berlim, que ficava totalmente dentro da zona soviética, também foi
dividida em quatro áreas. Foi estabelecido que a Alemanha deveria pagar uma
indenização de 20 bilhões de dólares aos vencedores e que os líderes nazistas
deveriam ser julgados pelo Tribunal de
Nuremberg – uma corte internacional. Uma nova entidade internacional
destinada a preservar a paz e a garantir o entendimento entre os povos foi
criada: a Organização das Nações Unidas.
Fundada em 26 de junho de 1945 e com sede em Nova York, a ONU substituiu a Liga
das Nações.
Todavia,
a Segunda Guerra Mundial ainda não estava terminada. Norte-americanos e
japoneses continuavam lutando na Frente
do Pacífico. O Japão tinha conquistado as Filipinas, Cingapura, Hong Kong,
as Índias Orientais Holandesas (atual Indonésia) e outras regiões. Porém, após
todos esses avanços, a frota japonesa foi derrotada pela esquadra
norte-americana na batalha de Midway,
em junho de 1942. Era o início da ofensiva norte-americana na Guerra do
Pacífico. Nos dias 6 e 8 de agosto de 1945, aviões norte-americanos lançaram bombas atômicas sobre as cidades
japonesas de Hiroshima e Nagasaki. A bomba atômica era a maior e
mais letal arma desenvolvida pelo homem até então. As explosões, que de acordo
com alguns analistas tinham como função intimidar a União Soviética, no intuito
de convencê-la a não fomentar revoluções em países do Ocidente, mataram
instantaneamente mais de 200 mil pessoas e arrasaram as duas cidades. O Japão
assinou a sua rendição incondicional no dia 2 de setembro de 1945.
A
Segunda Guerra Mundial deixou 50 milhões de mortos (15 milhões de militares e
35 milhões de civis), dos quais mais de 20 milhões eram habitantes da União
Soviética. Com o término do conflito, França, Inglaterra, Alemanha, União
Soviética e Japão estavam todos arrasados, com cidades destruídas, campos
devastados e ferrovias inutilizadas. A fome e diversas doenças dizimavam a
população em vários lugares. A exceção foram os EUA, que mantiveram intacta a
sua capacidade industrial e financeira. Vários povos africanos e asiáticos
começaram a lutar por sua independência. Em 1948, os países-membros da ONU
assinaram a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, documento que estabeleceu o direito à vida, à liberdade e
à igualdade entre os seres humanos. A ONU estabeleceu ainda o Tratado
Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Tratado Internacional dos
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
No
pós-guerra, EUA e União Soviética consolidaram-se como as duas maiores
potências do planeta. Os soviéticos anexaram as terras bálticas da Letônia,
Lituânia e Estônia e a parte leste da Prússia oriental. A União Soviética tinha
o maior exército do mundo e seus domínios se estendiam à Europa Oriental. Os
EUA tinham a bomba atômica e um imenso poderio industrial. Em torno desses dois
centros de poder, formaram-se o bloco capitalista, sob liderança dos
norte-americanos, e o bloco socialista, liderado pelos soviéticos. Este
antagonismo entre as duas superpotências originaria a Guerra Fria, que se estenderia até 1991, ano da dissolução da União
Soviética.
Cinquenta
milhões de pessoas morreram durante a Segunda Guerra Mundial. Desse total,
cerca de 6 milhões eram judeus, que foram mortos nos campos de concentração
nazistas. O extermínio em massa de judeus recebeu o nome de Holocausto e este triste episódio da
história da humanidade está relacionado à invasão da Polônia pelas tropas de Hitler, em 1939. Cerca de 3,3 milhões de
judeus viviam em solo polonês e, após a invasão, os nazistas confinaram essas
pessoas em guetos – bairros de
grandes cidades, policiados e cerceados. Entre 1939 e 1941, treze guetos e 42
áreas de confinamento foram criados na Polônia. Em Varsóvia, capital polonesa, localizava-se o maior desses guetos,
com quase meio milhão de pessoas. Em tais lugares, os judeus eram obrigados a
usar um distintivo de identificação, eram submetidos a trabalhos forçados,
recebiam alimentação insuficiente e não tinham condições de manter padrões
mínimos de higiene e saúde. Os judeus sofriam ainda com a violência dos soldados
nazistas. Assassinatos começaram a ocorrer e, com o tempo, os nazistas passaram
a usar caminhões com câmaras de gás móveis.
O
extermínio em massa dos judeus foi decidido pelo Departamento de Segurança
Alemão em 20 de janeiro de 1942. Os judeus começaram a ser transferidos para
campos de concentração, onde seriam executados principalmente em câmaras de
gás. Tal política genocida seria chamada de solução final. Inicialmente,
os campos abrigavam todos aqueles que eram considerados inimigos dos nazistas,
como comunistas, ciganos, homossexuais e até testemunhas de Jeová. Porém, as
principais vítimas eram mesmo os judeus. As vítimas eram enviadas aos campos em
vagões de gado – 80 ou 90 pessoas em cada vagão – em viagens que poderiam durar
dias, sem alimentos ou água, sufocados com o cheiro de vômito e de excrementos
e deprimidas pelos gritos das crianças. Na Polônia, campos de extermínio foram
construídos em Auschwitz, Chelmno, Treblinka, Majdanek, Sobibor e Belzec. Nos campos de Auschwitz e de Majdanek, indústrias químicas,
eletrônicas e de armamentos empregavam os presos como mão de obra escrava. Pão
e sopa eram a base da alimentação dos judeus naqueles locais. A fome, as
doenças e a exaustão matavam muitos prisioneiros. Houve judeus que optaram pelo
suicídio, lançando-se contra as cercas elétricas dos campos. Médicos nazistas
realizavam experiências científicas, usando os judeus como cobaias. Em algumas
dessas experiências, médicos injetavam líquidos em adultos e crianças no
intuito de mudar-lhes a cor dos olhos. Tais experimentos provocaram uma série
de efeitos colaterais: paralisia, epilepsia, perda da voz, chagas pelo corpo,
cegueira e convulsão. Muitos acabaram morrendo. O local onde ocorria a maioria
das mortes era a câmara de gás. Corpos eram queimados, as chaminés exalavam uma
fumaça negra e o cheiro de carne queimada era sentido no ar.
Quando
o exército soviético libertou os campos de concentração poloneses, entre 1944 e
1945, milhões de cadáveres foram encontrados. Houve cerca de 500 mil sobreviventes.
SUGESTÃO DE LEITURA:
No mês de maio de 2015, a Revista de História da Biblioteca Nacional publicou um dossiê sobre o fim da Segunda Guerra Mundial.Os textos são instigantes e vale a pena conferir! Clique aqui para ler os textos da referida edição da RHBN.